Já sentados no conversível vermelho,
Estacionados na gare do aeroporto
Este corpo, inesperadamente velho,
Não queria abandonar o teu conforto.
Despedimo-nos com um demorado abraço
E os rostos estampados de desgosto.
É que a vida não modifica o traço
Do destino, nem mesmo com "fogo posto".
Mesmo assim ofereci-te uma viagem
Para a terra do meu sul, do sol, do sal
Esperando por assomo de coragem
Qu' ilumine minha Ilha e Portugal.
Já nas escadas conduzido à aeronave,
Qual soldado que não olha para trás
Quando chega perto de hostil entrave
Eu sentia-te a dizer: "Amor... não vás!"
Foi então que olhei para tás, mas não te vi...
Era tempo de te encontrar no futuro...
Eu, que um dia muito amei tal qual sofri,
Saberia procurar-te pelo escuro...
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