sábado, 26 de novembro de 2011

SONHADO MUNDO ILESO... NA CORRENTEZA DE UM MAR DE PECADOS (III)

As saudades de ser muito bem tratado
E amado por uma doce Raínha
De olhar meigo e muito apaixonado:
Nessa noite senti mesmo que eras minha!

Numa mesa que saudou a nossa dança,
Cujas velas eram torres de marfim,
Abraçei-te, dediquei-te minha herança:
Meu piano, meu amor, meu bandolim.

Nossos olhos confirmavam as faíscas
Lançadas pelos espíritos, à vez,
E por palavras, mais ou menos ariscas,
Transmitidas no melhor do português.

Dei um beijo apaixonado nos teus lábios
Tão suave que exaltou a excitação,
Oscilando a própria árvore dos sábios
Cujo tronco é coberto de razão.

Os teus gestos demorados e carentes
Colocaram do avesso o coração
Nossos dedos, sempre muito persistentes,
Eram cúmplices d' infinita sensação.

Noite... sem saber dar-se por finda,
Aclamando parceiros de almofada,
Sussurrando, pela brisa: "Como és linda!
De causar inveja à própria madrugada."

Da janela da tua casa de praia
As estrelas brilham tão intensamente,
S' iluminam quando subo a tua saia...
E te sinto muito húmida e quente.

Nossos corpos, absorvidos no prazer
E teimosos por cada repetição,
Destemidos na vontade de viver,
De qu' as almas prestam subtil devoção.

A alvorada espreitou no canto do olho,
Quando os membros já se davam por vencidos
E os sonhos prolongavam ao sobrolho
Os momentos tão intensos já vividos.

Acordei-te com o cheiro do café
Espalhado na "Casa das Maresias",
Saboroso, mesmo mesmo que até
Exclamaste que mais nada pretendias.

Muitos dias neste amor contagiante
Partilhando caminhadas pela bruma
Um sorriso permanente no semblante...
Quem é que de ser feliz não se acostuma?

No regresso para o País mais a leste
Descansámos, por minutos, no jardim.
Tu disseste-me: «afinal sempre "Vieste"
E trouxeste todo o teu amor para mim.»

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