terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Somos "carne para canhão", desde o ventre até à morte (foto de Chris Ramos)




As gotículas de suor que invadem do teu peito
são resquícios do meu amor, eternamente insatisfeito.
Daí que esse recanto, onde partilho as ilusões,
humedeça permanentemente, ávido de tentações.

... Mas da quimera bombardeada com a tragédia das ribeiras
Percorres, com lágrimas de resistência, o trilho das ladeiras.
Corpo transformado em porto de consolo e de abrigo,
quando te chego, quase morto, sem noção daquele perigo.

Com respeito sinto o som do lamento da ribeira.
"Ipiranga do entulho", da montanha à cabouqueira.
Som de pedra chora as mortes, num canto de amargura:
O calhau é pesadelo que nos leva à loucura.

O vermelho é a raiva da tragédia dos cifrões;
"Patos bravos" estão contentes com mais uns euromilhões.
E voltamos à dimensão desta nossa pequenez:
As galinhas vão ao grão, quando falta a lucidez.

Vão ao grão! Vão ao grão! Em benesses de má sorte.
Somos carne para canhão, desde o ventre até à morte.


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