domingo, 26 de fevereiro de 2012

Flor musical (foto de Chris Ramos)



Poder vencer o meu Fado
Mostra ser tarefa ingrata
Pois quem vive no pecado
Não merece a Concordata.

Mas para quê a Igreja,
perdida de humildade?
De sermão, velho, boceja:
Burguesa da Nova Idade.

"Das pétalas surgem notas,
uns bálsamos musicais.
Elas não trazem batota
saos momentos especiais.

São notas de nostalgia
que consigo libertar
do pólen da agonia
que acompanha o meu pensar.

Uma pauta de Jobim
mostrará "Insensatez"
de um passado sem fim,o
u de uma "Regra Três"?

Por aqui vês o dilema,
escrito na "Bossanova",
qual "Garota de Ipanema"
que deite esta flor na cova...

Estar sem ti, não será certo.
Sou a planta isoladado
 teu Ser, de Mar Aberto:
fugaz maré dedicada...

Se atravessa a corda bamba
e vai banhar-se no Brasil
não resiste a dançar samba,
regressando ao juvenil.

Pobre Idade! Pareço alma penada
com camadas de alcatrão
escaldado, na estrada,
sem qualquer contemplação.

O cimento que me cerca,
ajudado por ruído,
reforçará minha perca:
O sabor dum sustenido.

Desta vida sei de cor
o suor das minhas gentes
traduzido em lá menor
e estratégias indecentes.

A melodia que exalo
e acompanha o cheiro
compensa tudo o que calo
neste leito de ribeiro.

Mais lamento não poder
ouvir os meus próprios sons.
Estou a ensurdecer
Quando ouço esses tons:

Foz de queixas repetida
se deveras dissecadas.
Fossem as vidas... vividas
e não tão vitimizadas...

Se do dia vejo o breu
- digo isto sem rancor... -
é sinal que o apogeu
abandonou nosso amor...

Outra pauta de Jobim
que vá buscar ao "baú"
é defesa, para mim,
a qualquer Ser, como Tu.

Se quiseres saber mais,
do teor dos nossos vícios,
para quê ler só jornais
se tens os meus "Sete Ofícios"?

Posso ser ave, ou flôr,
nuvem, lua ou o mar.
Mas se queres meu amor
tens de deixar respirar...

Eu preciso respirar...
Bem preciso respirar!...
Não consegues enxergar?!
É preciso enxertar?"

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