quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Língua (ou arma) Branca

Esta dia representa exactamente 5 anos em que este poema foi escrito...

"Língua Branca"

Tua língua é arma branca:
Dilacera a minha paz.
É fera que se destranca,
Não lhe importa o que faz.

Tua língua é dilatada,
Qual balão gaseificado,
Explodindo à hora errada,
Como um caldo entornado.

Tua língua é serpente
Que envenena a minha cruz:
Faz morrer tão lentamente
O melhor da nossa luz.

É língua precipitada
À menor demarcação
Não se contém, na jornada,
A quem lhe transmita um "não"!

Já prefiro estar à míngua
Sem carícias, sem ternura,
A suportar essa língua:
Chantagista em Ditadura!

À noite desesperado,
Sem poder nada fazer,
Vou dormindo acordado,
Sufocando o meu viver.

Tua língua: um vai-e-vem
Como os que mancham o céu
Exibindo o seu desdém
Assim que desvendo o véu.

Tua língua: arma branca,
Covil de insatisfação.
Fosses uma zona franca
Inibias progressão...

Tua língua é energia
De tal negatividade.
Faça noite ou seja dia
Não há rotatividade.

Tua língua é comparável
Ao brilho do teu olhar:
De expressão desagradável
E silêncio de mal-estar-

De tanto esticar a corda,
Aturando o impossível
Vou "saltando" fora borda
Para algo apetecível.

Se bebesse "Pêra-Manca"
Com total satisfação
Não havia língua branca
Que armasse confusão!

(epílogo quase cinco anos depois: 09.08.2012)

E de tanto à língua dares,
Com escárnio e maldizer,
Acabei por mudar de ares...
Nós ficámos a perder.




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