terça-feira, 13 de março de 2012

Minha CARTA AO TOM 2004

CARTA AO TOM 2004 (Pedro, Pássaro Distante)

Lua que entre o meu Sol se intromete
E para os meus sonhos cobra frete
Com receio de voos especiais,

Esses que levam meu corpo com vaidade
Para junto da tal eternidade
Onde brilha Vinícius de Moraes.

Mas o famoso poeta não queria
Afastar a letra da melodia
Desse Tom que a estrela não esqueceu.

Lembrando os sons e as cores de aquarela,
Escondendo a tristeza desta tela
Encobrindo-a num véu ou cobertor.

É meu amigo, perante a gentileza
do poeta amado nesta mesa
É preciso lembrar o seu valor.

domingo, 11 de março de 2012

Mar do Outro Lado (Pássaro Distante)

Mar Do Outro Lado (Pássaro Distante)

Se eu pudesse retirar esta saudade
Dos confins do meu olhar emudecida
E te a desse, embrulhada na vontade,
Para sentires como anda a minha vida...

Se eu pudesse dominar o meu lamento
Sem as notas deste acorde angustiado
Que esvoaça abafado pelo vento
E não sopra junto de quem está calado.

Se eu pudesse mostrar-te este olhar ausente
E o perfume dum tal corpo arrastado
Para o cais que não recebe sorridente
O silêncio de quem seja abandonado.

Se eu pudesse viver anestesiado
Pelo tempo que durasse a tua ausência
Ou presença nesse "mar do outro lado"
Que se agita ao pé de ti com veemência.

Se pudesse... mas não posso interferir
Com a corrente, prepotente, do destino
Que te prende na vontade de partir
E afoga o teu sonho de menino.             

                           
Pássaro Distante homenageado em: http://www.fotolog.com/esanchez/27649413/
On March 05 2008

quarta-feira, 7 de março de 2012

segunda-feira, 5 de março de 2012

Lembrando Tom Jobim declamando Vinícius de Moraes

Meu Vinícius de Moraes
Sinto falta de você
Quanto mais o tempo passa
Mais eu gosto de você.

Cadê o meu poeminha?
Cadê? Meu poeta, cadê?
E morro neste piano
Com saudades de você.

(interpretado por Tom Jobim)

sábado, 3 de março de 2012

Cera ousada (Foto de Chris Ramos)


Sou a cera que se derrete nessa mente agitada
com a qual se torna cúmplice numa ousada caminhada.
Do teu brilho vejo ideias, derramadas pela estrada
com destino à tua alma, ensejo para nova vaga.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Agarra-me esta noite (Arte digital de Chris Ramos)

Vermelha, ou sofrimento,
a mancha abraça o calhau,
movediça como o vento,
agreste como essa nau,
desliza neste momento.

Aguarda a água do mar
ajudada pela maré,
depois de muito penar
pretende banhar-se da fé
que um dia não soube guardar.

Calhau duro e teimoso;
Jovem? Ou principiante,
que, deveras desgostoso,
desiste ao primeiro instante
em tom cerimonioso?

Tão intensa esta espera
como quem lê um soneto.
No branco da atmosfera
vê as marcas do esqueleto
da pegada que trouxera...

Na marcha da maresia,
num compasso sem maestro,
numa estrofe sem poesia,
numa escrita de ambidextro,
sinto os sons da agonia.

Sinto o peso do calhau
e de todo o desconforto,
sem abrigo ou chão de pau
que acolha este pé morto
de esperar por tua nau.

Mulher dura e egoísta,
sedenta do verbo ter,
que desrespeita o artista
e a vontade de viver
numa harmonia prevista.

De tanta espera me canso,
pois não há eternidade
que acalme o balanço
dessa tal ansiedade.
Assim, neste mar, me lanço.

Levo "A Valsa do Adeus",
outra obra do Kundera,
a fronha dos olhos meus,
a herdeira de quem gera
 e protegida de Deus.

Agarra-me esta noite.
Amanhã já será tarde
pois, depois de tanto açoite,
no meu peito já não arde
 a paixão que me afoite.

É, pois, a marca do tinto
nesse calhau espalhada
por quem era tão faminto
pela tua madrugada
e, agora, nada sinto.

Levantei-me dessa base
quando vi que era ferro
e passei para outra fase
que chamava o meu berro,
na qual não há quem se case.

Onde estão as tuas flores?
Caiem secas, na varanda,
como caem os amores
submersos a quem manda
sem respeito aos odores.

Pode ser que ressuscitem,
as flores que não cuidei.
Elas talvez se agitem
ao dizeres: "aqui del Rei!"
E em "formatura" fiquem.

Fujo de novo convénio
ao qual ganhei crispação.
Não é preciso ser génio
para saber dizer: não!
Afinal, outro milénio!